“Os direitos em matéria de reprodução correspondem a certos direitos do Homem já consagrados em legislações nacionais e internacionais. Têm como fundamental o reconhecimento aos casais e ao indivíduo da capacidade de decisão, livre e responsável, do número de filhos desejado e programar o seu intervalo. Devem ser informados sobre os métodos para prevenir a gravidez, assim como devem ter direito às melhores condições de saúde possíveis.” (OMS)
São várias as opções disponíveis no mercado, sendo que estas são classificadas consoante o seu mecanismo de acção. Os métodos contraceptivos hormonais, como a pílula, o adesivo contracetivo, o SIU, o anel vaginal e o implante subcutâneo, são à base de hormonas femininas: o estrogénio e a progesterona.
Alguns desses métodos combinam os dois, enquanto outros têm apenas progesterona. Estes impedem a gravidez através da inibição da ovulação e espessamento do muco cervical (o que dificulta a chegada do espermatozoide ao útero).
Os métodos contraceptivos barreira bloqueiam fisicamente o acesso dos espermatozoides ao útero. Estes incluem preservativos, diafragmas, capuzes cervicais, esponjas contraceptivas e espermicidas.
Existem também métodos contraceptivos cirúrgicos: a laqueação das trompas no caso da mulher, um método permanente e dificilmente reversível, e a vasectomia, no caso do homem, que pode ser revertido embora nem sempre seja possível.
Finalmente, os métodos naturais/comportamentais como a abstinência periódica/autocontrolo da fertilidade, que se baseiam na monitorização da temperatura e período fértil da mulher.
Em Portugal, 94% das mulheres usam algum método contraceptivo. Apesar de a pílula ser o método mais utilizado, o seu uso tinha caído de 62%, em 2005, para 58%, em 2015. Notava-se um aumento do uso do dispositivo intra-uterino, do implante subcutâneo, do adesivo e do anel vaginal.
Qual o método mais adequado para si?
Deverá aconselhar-se com o seu médico e escolher o tipo de contraceptivo consoante seja mais adequado/adaptado a si. Há um conjunto de questões que devem ser colocadas quando se pretende escolher um método contracetivo:
- É eficaz?
Os métodos contraceptivos podem ter eficácias variáveis, dependendo obviamente da sua correcta utilização. Quando bem aplicados, a sua eficácia pode ser:
Método |
Eficácia |
Implante |
0,1 |
DIU c/ levonorgestrel (SIU) |
0,1 |
Vasectomia |
0,1 |
AMP injectável |
0,3 |
Laqueação tubar |
0,5 |
DIU com cobre |
0,6 |
Pílula progestativa |
0,5 |
Contraceptivos orais combinados |
0,1 |
Preservativo masculino |
3 |
Coito interrompido |
4 |
Métodos naturais |
1-9 |
Espermicida |
6 |
Score: 0-1 muito eficaz, 2-9 eficaz, 10-30 alguma eficácia
Fonte OMS, 2001
- Está adequado ao seu estilo de vida?
Este ponto só por si pode ser avaliado. Consoante tenha um estilo de vida mais atarefado ou não, a toma diária da pílula pode não ser a melhor opção, pois a sua eficácia depende da sua toma correcta, preferencialmente sempre à mesma hora. Também consoante o número de parceiros que tem, saiba que apenas o preservativo protege contra doenças sexualmente transmissíveis.
- É reversível?
A maior parte dos métodos contraceptivos são reversíveis. Apenas os métodos cirúrgicos podem ser irreversíveis.
- É acessível?
- Existem riscos para a saúde?
De uma forma geral, os métodos contraceptivos não apresentam risco para a saúde. No entanto, os métodos contraceptivos hormonais podem ter efeitos secundários, cuja intensidade varia de mulher para mulher.
Se fuma, a toma da pílula com estrogénios é desaconselhada, sobretudo a quem tem mais de 35 anos e fuma mais de 15 cigarros por dia, pois aumenta significativamente o risco de acidentes cardiovasculares.
Também o DIU não deve ser utilizado por mulheres com infecção pélvica, útero distorcido, cancro do útero ou alergia ao cobre. Muitos médicos também desaconselham a sua utilização por mulheres que ainda não tiveram filhos.
A contracepção de emergência pode ser utilizada como método contraceptivo recorrente?
Não, tal como o próprio nome indica, este medicamento é apenas um método de recurso, que pode ser utilizado após falha do método escolhido ou quando não se utilizou outro método. A sua utilização e eficácia são dependentes da altura após a relação sexual em que é utilizada.
Não existem contraindicações, se for utilizada apenas em situações pontuais e de emergência, mas não substitui o uso de contraceção regular nem previne contra doenças sexualmente transmissíveis.
Fontes:
- Associação do planeamento familiar em http://www.apf.pt/metodos-contracetivos, e http://www.apf.pt/sites/default/files/media/2015/consenso_sobre_contracecao_2011.pdf
- Direcção Geral de Saúde em https://www.saudereprodutiva.dgs.pt/publicacoes/contracepcao/album-seriado-de-metodos-contraceptivos-a4-pdf.aspx